"Schramm acrescenta, ainda no tema do “enigma de Hitler” e baseado em testemunhos dos que cercavam o Führer, que este só contava aos que lhe estavam próximos o estritamente necessário, mesmo nos momentos decisivos da Segunda Guerra. Essa atitude enigmática é às vezes mencionada, mesmo hoje, como uma “técnica de liderança”. Voegelin, pelo contrário, chega a uma conclusão muito mais banal e concreta:
“O problema obviamente escapou a Schramm, pois esse sonegar informações, mesmo aos membros do Estado Maior e do Almirantado, tinha uma razão institucional. Nos últimos anos, Hitler não contou com nenhum Estado Maior para conduzir a guerra, mas tomou as rédeas do exército em suas próprias mãos, pois temia ser posto sob pressão se tivesse de enfrentar um grupo de seis ou sete generais e almirantes com visão de jogo. Assim, lidava com eles apenas individual e pessoalmente, e esse contato isolador, em que nenhuma pessoa sabia qual era o plano todo, era uma tática deliberada e um instrumento de estabelecimento da ditadura“."
Em sua vida madura, Voegelin trabalhou para explicar a violência política endêmica do século XX, em uma abordagem peculiar da filosofia política, da história ou da consciência. Na visão de mundo de Voegelin, ele "culpou uma falsa interpretação utópica do cristianismo para gerar movimentos totalitários como o nazismo e o comunismo". Voegelin rejeitou quaisquer rótulos ideológicos ou categorizações que leitores e seguidores tentassem impor ao seu trabalho.