MINIMALISMO TAMBÉM É SOBREVIVENCIALISMO Estou desmontando uma "cápsula do tempo sobrevivencialista" fechada desde 2015, ou seja, há quase seis anos, quando meu filho sofreu um acidente gravíssimo que mudou nossas vidas. Calendários antigos, agendas em branco, bonecas mofadas, alguns vestidos demodê, pés solitários de meias e calçados, roupas de cama com um cheiro estranho, fitas k7, fitas de áudio, disk man (quem ainda sabe o que é isso?), panelas, acessórios incompatíveis com os eletrônicos atuais, livros e revistas, móveis desmontados, suvenires de viagens, remédios vencidos, e até um pote de castanha de baru, que poucos conhecem. A castanha foi descascada e torrada, aparentemente está em condições de consumo. Tem muito mais do que eu me atrevo a listar. Hoje, quase tudo é tranqueira e irá para a reciclagem. Os móveis servíveis ficarão para a dona do barraco fazer algum dinheiro para si, uma espécie de abono. Paguei por cinco anos para guardar lixo? Não. Estou dispensando porque venci os enfrentamentos judiciais oriundos daquele acidente. Isso é assunto para outro tipo de publicação. Mas, se eu tivesse perdido os processos, essa tranqueira na periferia seria meu reinício de vida. Cada problema exige um tipo de solução.