A taxa de isolamento social em Santa Catarina atingiu níveis preocupantes no início desta semana.
Na segunda-feira (4), apenas 36,1% da população cumpria a quarentena – o governo trabalha com a taxa mínima de 40% para combater a pandemia da Covid-19, sendo o ideal acima de 70%.
Segundo o índice monitorado pela PM, cerca de 2,5 milhões de pessoas circularam pelas ruas apenas naquele dia no Estado, em meio ao avanço do novo coronavírus. O cálculo foi feito com base na estimativa populacional de Santa Catarina, de 7.164.788 de habitantes, conforme divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em agosto de 2019.
A média de isolamento nos últimos 30 dias em Santa Catarina é de 50%, segundo a PM.
As autoridades estipulam 70% como meta, para frear a disseminação do vírus e evitar o colapso no sistema de saúde.
Conforme a PM, guarnições trabalham na fiscalização, de acordo com os decretos do governo estadual e municípios. Até o momento, desde 18 de março, foram realizadas mais de 4 mil fiscalizações em todo o Estado.
A polícia reitera o pedido para que as pessoas continuem em casa e só saiam se precisar, além de atenderem às medidas de segurança e higienização.
Como funciona A Polícia Militar de Santa Catarina monitora a movimentação de mais de um milhão e meio de pessoas desde o momento em que o governo do Estado decretou situação de emergência e restringiu as atividades em todo o território.
Através de uma tecnologia que mapeia a localização dos telefones celulares, as saídas de casa, com permanência por mais de três horas fora da residência, são detectadas pela segurança pública.
De acordo com a PM, na primeira semana de isolamento, em 18 de março, 62% das pessoas não tiveram grande movimentação. Nos sete dias seguintes, o número aumentou para 64,6%.
A empresa In Loco fornece um sistema de geolocalização presente em aplicativos instalados em cerca de 60 milhões de celulares no país. Os governos têm acesso aos mapas e recebem estatísticas. Não é possível identificar os usuários. Flexibilização do decreto Com a flexibilização do decreto estadual na última semana, o Estado retomou, em partes, suas atividades econômicas após 40 dias.
Com isso, o fluxo de pessoas nas ruas, consequentemente, aumentou.
Tornaram-se comuns as cenas de pessoas nas ruas se exercitando, passeando e frequentando locais públicos. Entretanto, essa pode ser uma falsa sensação de segurança, dizem especialistas.
Em Blumenau, no Vale do Itajaí, o número de infectados com o novo coronavírus cresceu 71% em cinco dias.
O total de casos passou de 98 na quarta-feira (22 de abril) para 168 segunda-feira (27), segundo o boletim da prefeitura.
O mesmo ocorreu em Chapecó, no Oeste catarinense, onde houve um aumento de 21 casos entre sexta (24) e esta segunda-feira (27).
Picos de contaminação
Os picos de contaminação da Covid-19 coincidem com a flexibilização do decreto em Santa Catarina, conforme mostrou a reportagem primeiro grande aumento no número de casos aconteceu entre os dias 16 e 20 de março.
Na ocasião, foi registrado aumento de 230 ocorrências de Covid-19. Foi a primeira vez desde o início da pandemia que o número de casos cresceu de forma tão significativa no período compreendido pela análise. Os outros dois períodos com aumento significativo no número de casos foram verificados depois que as medidas de flexibilização entraram em vigor.
O primeiro deles ocorreu entre os dias 14 e 18 de abril, com 230 casos confirmados. O número é superior aos seis períodos anteriores, quando a maior notificação foi de 190 casos.
A data coincide com a liberação do funcionamento do comércio de rua, hotéis e restaurantes anunciada no dia 11 de abril pelo governador Carlos Moisés (PSL).
O pior cenário aconteceu entre os dias 22 e 26 de abril, quando pela primeira vez foram notificados 359 casos em quatro dias. No fim do período, Santa Catarina tinha mais de dois mil infectados pelo coronavírus.
